Cuidado de Si e dos Outros: Games e Existência
Chamada de Comunicações
Ilustração: Marcelo Cipis (2020)
X FESTIVAL GAMES FOR CHANGE AMÉRICA LATINA – 2022
São já notórios os alertas, tanto em espaços acadêmicos quanto na mídia, sobre os riscos associados a uma visão dos games como objetos hiper-tecnológicos. De sub-nicho do entretenimento “geek” a vilões em casos patológicos de sedentarismo, auto-mutilação, atentados em escolas e bolhas de ódio na internet, a cultura “gamer” e a própria “gamificação” apenas ganham mais espaço em nossas vidas, trabalhos, relações sociais e fontes de informação. Tanto crescimento gera preocupações, aliás legítimas e justificadas, quanto aos perigos individuais e coletivos a que se expõe a formação dos sujeitos que jogam.
Vivemos uma realidade paradoxal. Tudo é parecido com um game – agora abrem-se horizontes ainda mais imersivos com os metaversos. E se renovam os temores animados por discursos que apontam a cultura “gamer” como esfera que estimula e privilegia comportamentos agressivos ou que reduzem a empatia real por seres humanos reais.
Riscos de vício e dependências comportamentais e químicas, isolamento de indivíduos e mesmo alienação ganham as manchetes e preocupam as famílias, os educadores e os governantes para quem os games seriam, na melhor das hipóteses, uma forma de entretenimento a ser tratada com cautela e moderação e, na pior das hipóteses, instrumentos para fomentar o conformismo e a passividade em relação às graves crises que atravessam a sociedade global contemporânea.
Há lugar para emancipação, esclarecimento, engajamento e conscientização na indústria do entretenimento e, em especial, nos diferentes segmentos da experiência lúdica? Iniciativas definidas como “Serious Games”, jogos de sociedade e de realidade aumentada ou mesmo como gamificação propõem e promovem uma reviravolta criativa, particularmente na educação.
Qual o lugar e os requisitos para que sejam valorizados os potenciais emancipatórios dos games como ferramentas de mudança social?
O que dizer dos jogos como ferramentas para lidar com a ansiedade em situações de estresse, como impulsionadores de uma educação mais ativa e autônoma ou ainda como maneiras de aprender a lidar com o luto e a experiência do conflito, das identidades e até da morte?
É fato: dispomos já de um vasto repertório de games criados ou não com propósito social que não apenas nos convidam a refletir sobre as dimensões mais profundas da existência humana, mas podem trazer experiências contemplativas, artísticas e espirituais transformadoras.
Inaugurando a apresentação de “papers” no Festival Games for Change América Latina, convidamos pesquisadores, educadores, gestores de organizações públicas, privadas e do terceiro setor a apresentar comunicações que explorem o potencial dos games como ferramentas de cuidado de si e cuidado dos outros.
Em suma, que coloquem em primeiro plano os desafios mais amplos da existência humana e da nossa relação com o mundo, com as tecnologias e com a diversidade, com o conflito e com a saúde dos indivíduos, dos coletivos e do planeta.
As comunicações devem explorar como os games podem contribuir para lidar com algumas das grandes questões de nosso tempo, tais como a crise climática, a disseminação de “fake news”, modos de combater, curar e superar pandemias assim como a verdadeira epidemia de patologias intensificadas pelas condições sociais, de trabalho e de lazer de nosso tempo (tais como a depressão, a ansiedade, o déficit de atenção e o “burnout”).
São temas que convidam a uma formação científica mais profunda e disseminada. Colocam em primeiro plano a necessidade de repensar os processos educacionais formais e informais cujo papel seja não apenas formar profissionais ou especialistas, mas cidadãos capazes de desenvolver-se plenamente como ser humano cuidando de si e dos outros numa temporalidade capaz de ir além dos fluxos imediatistas das “microrecompensas” digitais.
Como apresentar uma Comunicação?
As propostas devem conter:
(1) nome do expositor,
(2) e-mail,
(3) maior titulação acadêmica,
(4) instituição e área em que obteve o título ou que está em curso,
(5) título da apresentação,
(6) resumo de 200 a 300 palavras,
(7) 3 a 5 palavras-chave,
(8) Modo (presencial ou remoto),
(9) Formato da apresentação da Comunicação (texto, poster, vídeo, áudio).
(10) Língua (prioridade para português, espanhol, francês, alemão ou inglês),
(11) Declaração de ineditismo ou referência a evento anterior em que foi apresentado,
(12) Autorização para reprodução em regime de “creative commons”.
Formatação da Proposta
O resumo deve ser enviado em arquivo com formato .doc ou .docx, com a seguinte formatação: Times New Roman, tamanho de letra 12 e espaçamento entre linhas 1,5. Caso o arquivo tenha fontes em escrita não-românica, solicitamos que a fonte seja enviada junto com o arquivo. Solicitamos ainda que os arquivos das propostas tenham por título o nome completo do proponente em caixa alta (Ex.: FULANO DE SOUZA).
Casos omissos não serão avaliados pela comissão.
As Comunicações selecionadas poderão ser feitas tanto no formato de apresentação oral quanto no de poster, vídeo ou áudio de acordo com a preferência do proponente.
No caso de comunicação oral, ela deverá ser de até 10minutos, com 5 minutos adicionais para questões e discussão ao vivo pela internet. No caso de posters, haverá uma página web para exposição neste formato.
As propostas deverão ser enviadas até 21/10/2022 para o e-mail [email protected]
Lucas Machado
Gilson Schwartz
Coordenadores da Comissão Científica
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